Marcio Gil de Almeida
Teólogo e Pedagogo
Teólogo e Pedagogo
“Vós sois o Sal da terra; e se o Sal for insípido, com que se há de Salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.” Mateus 5:13
Nestes últimos anos tenho observado coisas que aos cristãos de 25 anos atrás nos teriam como distanciados da fé, do avivamento, da vida cristã etc. É possível que cristãos de 25 anos atrás conceituassem os evangélicos atuais, pastores e a Igreja, como distantes dos interesses do Reino de Deus.
Quando me converti a Cristo em 1985, os jovens da minha igreja tinham a admiração de muitos descrentes da sociedade. A moral dos crentes era admirável, um forte testemunho de Cristo e ninguém era possuído de pavor de vender para um crente. Hoje certos crentes com os seus testemunhos são um desserviço. Aumentou o número de crentes, aumentou os problemáticos e os falsos crentes. Não importa se não são a maioria, pois a maioria leva a fama injusta.
Eu me lembro que os pastores tinham a sua preocupação em cumprir as prioridades do Reino de Deus e havia um respeito aos mesmos da sociedade que os honravam sem piscar os olhos. A palavra de um pastor era valorosa. Os crentes do passado eram diferentes e a sociedade os via como diferentes. Eles eram diferentes porque acima de tudo defendiam os seus valores e a sua fé. É verdade que haviam falhas e exageros nas exigências, mas eles eram o que diziam ser e isto era acompanhado de um custo alto. Estes defendiam os seus valores independente de vantagens quaisquer, inclusive, favores políticos.
Quando lemos em Mateus 5:23 nos vemos na multidão que temos de ser Sal. Quando isto ocorre perdemos a visão de nós mesmos. Neste momento particularizo o ser “SAL” para os pastores. Por que foco nos pastores? Os pastores recebem maior honra, logo devem ser mais cobrados. O povo é cópia ou o clone do seu pastor. O povo recebe do pastor os ensinamentos verbais e de testemunho de vida. Eles aprendem sem perceber os conceitos, valores e até os hábitos imitam, se tiverem muito contacto com o seu pastor. Se o pastor prega chutando o púlpito, como já aconteceu, as suas ovelhas vão aprender a pregar como ele, chutando o púlpito. Ele ensina na sua fala e em sua vida prática sobre política, e assim, o povo irá repetir. Se ele não se importa, se dar ou não apoio político a ladrão, tão pouco o povo se importará. O povo é o que o pastor é. Há muitos anos, certo pastor famoso disse que os evangélicos iriam crescer muito, mas a qualidade não seria boa. Será que isto hoje é uma realidade? Se for uma realidade, qual seria o por quê? Olhem para os pastores deles, é assim que são. Não quero colocar a culpa dos pecados das pessoas sobre os pastores, cada um que pague pelos seus próprios pecados, mas os pastores levam o peso de muita responsabilidade. Conheço muitos pastores que ensina e vivem corretamente e o povo é uma vergonha, assim como o contrário, também, é verdade.
Nesta primeira parte vou discorrer sobre um único ponto com os seus subpontos. Vejam o primeiro ponto:
O Sal dos pastores em sua liderança.
Ser líder não é fácil. Tem um preço pessoal e um desgaste grande em toda sua alma. O pastor é líder, é humano e ele a certa e erra. Assim, o ser humano a certa e erra. Ele sabe que liderar é influenciar e não cabe ditadura. Exercer a autoridade não nos torna superiores ou donos da verdade. A Bíblia nos ensina que os pastores devem guiar os rebanhos pelo exemplo. Em I Pedro 5:2-3, diz: “Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho.” Quando não há exemplo, o SAL é insípido e pra nada serve. Infelizmente, aqueles que não dão exemplo, entra nas portas da manipulação, da mentira, do desrespeito e da ditadura. É claro que também, ditadura pode vir por ideologia ou por incompetência. Eles fazem isto para se manterem no cargo de pastor presidente com o objetivo de continuarem a receber os benefícios. Eles se esquecem que a questão não é estarem à frente de um rebanho para permanecerem no ministério pastoral. O Ministério Pastoral não é cargo. Há aqueles que estão no cargo de pastor e não tem o ministério pastoral. Da mesma forma que há aqueles, que não têm cargos de pastor, mas são pastores.
Ser líder indica liderar por influência em todo o seu ministério. A final de contas, exemplo em quê? Na justiça, no amor, na misericórdia, na verdade, na fé, na paz e na Palavra de Deus.
1- O Sal da influência pastoral na justiça.
O
Sal do pastor tem que ter justiça. E o que é justiça? Justiça é o pastor dar ao
outro o que é dele e o mesmo receber dos outros, o que lhe pertence. Ser líder justo nos
recurso para com o grupo e demais obreiros ou pastores. Ser justo na
distribuição da honra, nas oportunidades, nos cuidados, na atenção etc. Nós
pastores temos que perguntar à nossa consciência se realmente estamos sendo
justos com a igreja e a nossa família. Saiba que as escrituras nos ensina que se
não julgarmos a nós mesmos, os outros nos julgará. Lembre-se, quando houver conflito na igreja, o
seu Sal da justiça estará sendo usado ou os homens estarão pisando no insípido Sal?
Não quero aqui dizer que a igreja, também, não comete injustiças com os seus
pastores. Julguem a si mesmos...
2- O Sal dos pastores no amor
Amar é fazer o melhor
possível para si e para o próximo. O bem
que quero a mim é o bem que desejo para o próximo. A oportunidade, o
respeito, a valorização, o cuidado, o reconhecimento que desejo para minha vida
é a mesma coisa que desejo para os demais. No amor desejo a justiça e a
misericórdia para o próximo se colocando no lugar do outro.
3- O Sal dos pastores na misericórdia
Misericórdia significa
“ser favorável”. É com o Sal da misericórdia que nos tornamos favoráveis, mesmo
para quem não merece tanto. É com este Sal que perdoamos as ovelhas ingratas,
injustas e abusadas que nos agridem e nos tiram o que é justo. É com misericórdia
que não tomamos tudo a ferro e fogo. Aprendemos a relevar coisas pequenas e até
erros grandes conseguimos ver ali a oportunidade de uma mudança positiva. Só
com o Sal da misericórdia conseguimos ver a possibilidade de uma mudança e de um
futuro diferente para os miseráveis, impuros, prostitutos, ladrões, assassinos,
mentirosos e corruptos. É usando a misericórdia que nos tornamos flexíveis,
diplomatas e bondosos.
4- O Sal dos pastores na verdade
A palavra “Verdade”, no
grego aletéia, significa “ aquilo que se é, independente da
mera aparência”. Neste Sal da
verdade, o pastor não precisar ser outra pessoa, ele precisa ser verdadeiro. Ele
precisa ser ele mesmo e não um projeto de pastor que os outros esperam. Caráter é crucial, mas estilo e forma de
liderar é uma questão individual. Precisamos ser um só, dentro de cada
contexto, a mesma pessoa. Ser o que somos igualmente a todos. Não importa se o
pastor está tratando com rico ou pobre, famoso ou desconhecido, com os seus
próprios interesses ou com interesses do próximo, ele sempre é o mesmo, verdadeiro como
deve ser. Os seus valores são os mesmos perante qualquer um e em qualquer
lugar. Aquele que é verdadeiro é simples. O simples é logo descoberto o seu
coração e caráter. Quem tem o Sal da verdade não vive de aparências...
5- O Sal dos pastores na fé
Os pastores devem ser
exemplo de fé. A fé cristã é mostrada nas Escrituras Sagradas abrangendo o sobrenatural
e o racional. A fé do pastor só pode Salgar de fato se for equilibrada. Ele não
pode crer em tudo o que se dizem. Por exemplo: O pastor não pode ser guiado por
profecias, a profecia serve para confirmar o que Deus já tem falado ao seu
coração. O pastor é guiado por fé nas Escrituras Sagradas que nos ensino o equilíbrio
entre o racional e o sobrenatural. As declarações de fé podem ser ousadas, no
entanto não podem ser loucas. A fé cristã é sobrenatural, contudo não é louca. Devemos
tomar cuidados com os desafios de fé e ao mesmo tempo temos de tomar
cuidado com o outro extremo, a incredulidade. Lembrando que a nível de confiança
em Deus e nas Escrituras Sagradas é total, mas nas pessoas é comum e limitada.
6- O Sal dos pastores na paz
O pastor tem que ser
pacificador, não provocador de guerra e nem pode ser “besta”. Não pode usar o
atributo do Sal em ser pacificador para não entrar em atrito por justiça.
Muitos estão usando o atributo de pacificador para se calarem com o “ar de
prudência e de sabedoria”. Exemplifico da seguinte maneira: Os cristão estão sendo mortos aos
milhares no mundo. Então, certo pastor que tem influência nacional fica calado com a
desculpa de ser “ponderado”. Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, pegou um chicote,
quebrou barracas, fez um escândalo no templo de Jerusalém por estar acontecendo
uma profanação. Às vezes confundimos ser pacificador com conveniência.
7- O Sal do pastor na Palavra de Deus
O
Sal do conhecimento (informação e compreensão) da Palavra de Deus é fundamental
na vida de um pastor. Contudo, mais importante ainda, é obedecer. Nestas
Escrituras encontramos respostas para nos posicionarmos. Em geral, os pastores
que tem posicionamentos sólidos, foram os que tiveram um bom discipulado. O pastor
que busca o Sal da excelência do domínio da Palavra de Deus, deve fazer um
curso de teologia. Saber pesquisar na línguas originais das Escrituras
Sagradas, hebraica e grega, nos leva a entendimentos profundos, a encontrarmos
o extraordinário e a alcançar conhecimento de causa.
As
ministrações do pastor devem ser baseadas na Palavra de Deus e todos os
recursos devem vir para enriquecer. Estas ministrações bem contextualizadas, ligadas
ao cotidiano do rebanho, com a realidade do seu país e do mundo.
Tudo
visa ao pastor ser um instrumento de Deus para as pessoas conhecerem a vontade
de Deus, terem comunhão e a servirem ao Senhor Jesus Cristo.
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